No passado ar condicionado era sinônimo de status e talvez até luxo. Poucos ostentavam ter um aparelho desses em casa, até porque parece que a necessidade não era tão grande como agora.
Mas os tempos mudaram e a temperatura subiu e subiu muito. Com isso ter ar condicionado em casa é cada vez mais comum, de forma que é possível ver aparelhos instalados em mansões e em casebres.
Mas uma das grandes preocupações com esses aparelhos é o alto índice de consumo de energia elétrica, especialmente alguns modelos.
Mas qual é o impacto no consumo quando nós consideramos os dias quentes e frios? Se eu usar na mesma quantidade de tempo em um dia muito quente, ele irá gastar mais energia do que em um dia mais frio?
A resposta é sim. Imagine que você use 8 horas por dia para dormir, por exemplo. O consumo não será o mesmo em todos os dias. Para entender melhor isso, considere a tabela abaixo:
Dia | Consumo | Máxima | Mínima |
---|---|---|---|
01/02/2019 | 20 | 36,7 | 22,6 |
02/02/2019 | 18 | 37,3 | 23,3 |
03/02/2019 | 18 | 35 | 23,3 |
04/02/2019 | 20 | 28,01 | 20,6 |
05/02/2019 | 15 | 29 | 17,05 |
06/02/2019 | 12 | 22,06 | 18,7 |
07/02/2019 | 10 |
A segunda coluna é o consumo em kWh da minha residência nos primeiros dias de fevereiro de 2019. A terceira coluna é a temperatura máxima registrada na minga cidade nesses dias e a quarta coluna é a temperatura mínima.
A coluna do consumo é alimentada todos os dias de manhã, assim ela se refere ao consumo do dia anterior.
Observe que com temperaturas acima de 35 graus durante o dia, o consumo não ficou abaixo de 18. Mas tão logo a temperatura caiu nos dias seguintes por conta de uma frente fria que passou por aqui, o consumo caiu também.
Note que essa última marcação de 10 foi no dia seguinte a uma noite em que não liguei o ar condicionado. Sem o uso dos aparelhos de ar condicionado, o consumo fica entre 8 e 10, mas com o uso do ar, já tive dia de chegar a 23.
São três ao todo. Um de 12.000 BTUs (inverter), um de 9.000 BTUs (comum) e um terceiro de 7.000 que uso no escritório apenas em situações específicas. Os dois primeiros estão nos dormitórios e geralmente ficam ligados a noite para dormir, geralmente das 22hs às 06 da manhã.
Em dias quentes o aparelho ficará ligado mais tempo para manter a temperatura e isto significa gastar mais energia. Em dias mais frios não será necessária tanta potência e ele irá trabalhar menos, reduzindo assim o consumo.
Bem, muito gente vai dizer que é por conta do aquecimento global, mas os efeitos que estamos vendo agora parece muito mais associados à chamadas ilhas de calor que ocorre pela concentração enorme de asfalto e concreto, especialmente nas grandes e médias cidades.
Esses elementos retém o calor e mesmo a noite quando a temperatura diminui, nas cidades ele ainda permanece por conta da formação dessas ilhas de calor.
Para se ter uma ideia disso, seja este exemplo prático: Na última semana fui levar meu filho para dormir em uma chácara de um colega da escola que fica localizada na zona rural da cidade onde moro.
Como ele tinha um compromisso anterior, tive de ir por volta das 22 horas e depois de deixa-lo lá, no retorno para casa fiquei observando o marcador de temperatura do carro. Em um dado local a temperatura marcava 25 graus (sim, foi um dia muito quente) e na medida em que eu entrava na cidade a temperatura foi aumentando gradativamente, chegando aos 31 graus na região central da cidade.
É uma diferença absurda. Estamos falando de 6 graus. E olha que a cidade que moro, que é Limeira nem é tão grande assim. Temos em torno de 300 mil habitantes. Mas o que dizer da vizinha Campinas com seus quase 1,2 milhões de habitantes ou a nossa capital que juntando as cidades da grande São Paulo, que na prática acabam se tornando uma cidade só, chega perto dos 20 milhões de habitantes?
É claro que deve haver também a contribuição do chamado aquecimento global, mas até onde eu sei os efeitos desse ainda serão sentidos de maneira mais concreta no futuro. Contudo, as ilhas de calor é uma realidade para hoje.