Se no passado você cogitasse a compra de uma casa de 40 metros quadrados provavelmente as pessoas iram achar muito estranho, afinal, historicamente as construções no Brasil sempre foram bem maiores, mesmo aquelas mais simples.
A maioria dos apartamentos antigos são grandes e bem espaços, as casas então, nem se fale. Os bairros mais antigos tinham terrenos de 400 metros, o que permitia não só fazer casas grandes, mas também ter espaço de sobra para diversas construções agregadas, podemos assim dizer.
Mas os tempos mudaram, a população aumentou muito e com isso a demanda por moradias não para de crescer e como consequência o preço do metro quadrado dos terrenos simplesmente explodiram. Qual a solução? Simples: diminuir o tamanho dos imóveis e se possível colocar um em cima do outro, afinal, espaço vertical tem bastante ainda.
Então surgiram apartamentos com metragens bem modestas como 39 m/2, 42 m/2, 45 m/2, 50 e outras medidas próximas a isso.
O programa Minha Casa Minha Vida do governo federal foi uma espécie de combustível para a propagação dos empreendimentos desta natureza, afinal, ele proporciona o financiamento de imóveis baratos, com taxas de juros muito atrativas em relação às praticadas no mercado e para ajudar ainda beneficia as pessoas com o subsídio, dependendo da renda familiar do contemplado.
Tudo isso parece bastante lógico, mas a pergunta é: Vale a pena comprar um apartamento com metragens tão baixas como essas? Ou ainda: É possível uma família viver de forma adequada com tanta limitação de espaço?
Bem, as respostas a essas perguntas podem ser bem diversas, mas considerando de aspectos gerais, podemos concluir que sim. Vale a pena, desde que observado alguns dos seguintes aspectos:
Se a família é formada por poucas pessoas, como um casal ou no máximo um filho, este tipo de apartamento atende bem. Normalmente eles têm dois dormitórios, sendo um de casal um pouquinho maior e um de solteiro bem pequeno mesmo. Então a quantidade de pessoas é fundamental para justificar a compra ou não. Penso que para 4 pessoas já começaria a ser inviável.
Mas isto faz sentido quando esta família pequena quiser um espaço pequeno, pois tem pessoas que gostam de espaços mais amplos e aí evidentemente que esses apartamentos tão pequenos assim podam não atender à necessidade que estão buscando.
Aliás, o fato de termos apartamento tão pequeno atualmente é em parte uma estratégia das construtoras para tornar o custo desses imóveis mais acessíveis para os compradores. Como sabemos, na construção civil o preço de um imóvel é calculado por metro quadrado e quanto maior for o imóvel, mais caro ele tende a ser. Assim, ao criar espaços mais compactos, é possível também reduzir o preço do imóvel o que o torna mais acessível um número maior de pessoas que buscam um imóvel para comprar, mas não tem condições de pagar um preço tão alto.
A principal estratégia que precisa ser usada para maximizar o espaço é trabalhar com móveis planejados. Um arquiteto poderá muito bem fazer um projeto mobiliário de forma a aproveitar o espaço vertical e propor uma distribuição dos móveis de maneira a ocupar o mínimo necessário. Lembre-se que cada centímetro quadro precisa ser bem aproveitado aqui.
Jamais tente levar seus próprios móveis, pois pode ser que alguns deles nem entre no imóvel. Lembre-se que você terá 40 ou 50 metros para todos os seus móveis.
Com tanta limitação de espaço é óbvio que você não vai poder dar uma festa em casa ou convidar o pessoal da firma para comer uma pizza no domingo a noite. O que acaba acontecendo nesses casos é o que poderíamos chamar de casa dormitório, enquanto que as atividades sociais e familiares precisam ser feitas externas.
Pensando nisso é que boa parte dos empreendimentos desta natureza incorporam espaços de lazer, como academia, salão de festas, piscinas coletivas, parque de diversão para as crianças, entre outros.
Vale a pena comprar pois o custo é muito atrativo se comparado com outros imóveis, muitas vezes na mesma região. São imóveis baratos e graças ao Minha Casa Minha Vida, eles se tornam possíveis, principalmente para jovens casais que estão começando a vida e não dispõe de muitos recursos disponíveis.
Se o tamanho é pequeno, muitas vezes ele é compensado pela boa localização do empreendimento. Este é um ponto muito favorável e que precisa ser levado em consideração. Morar mais perto do trabalho, da escola das crianças, da faculdade ou onde você tenha acesso mais fácil e rápido ao comercio e serviço de maneira geral, poderá ser um grande atrativo.
Acho que o aspecto da localização é um dos maiores atrativos para pessoas que compram imóveis pequenos como esse. Afinal entre ter uma casa ampla mais longe do trabalho, escola e outros pontos de acesso comum e ter um apartamento pequeno mais próximo de tudo isso, a segunda opção certamente é a mais requisitada. Especialmente nas grandes cidades onde o trânsito é caótico, as pessoas tendem a querer morar mais próximo do trabalho, da escola dos filhos e dos outros locais onde elas frequentam muito, assim fica mais fácil o acesso a esses locais, com menos tempo de deslocamento e menos estresse no trânsito.
A segurança é também um ponto alto a ser considerado na hora de decidir comprar um imóvel. Aqui, apesar de serem apartamentos pequenos e ter toda a limitação que já explicamos acima, temos como vantagem o fato de termos um condomínio, geralmente com portaria ou algum tipo de controle de acesso. As áreas internas podem ser acessadas por todos como relativa segurança e isto é muito importante em um país onde boa parte da população vive exposta ao medo da insegurança pública.
Quase terminando a lista, preciso lembrar que de maneira geral imóveis geralmente são boas opções de investimento e portanto ele pode cumprir a dupla função, que além de proporcionar moradia, pode ser um bom local para investir seu suado dinheiro. Dificilmente você perderá dinheiro comprando imóveis, especialmente se pensar a longo prazo.
Por fim, existe a possibilidade de se livrar do fantasma do aluguel. Quem gosta de pagar mensalmente um valor que não trará retorno no futuro?
Pensando desta forma e observado os pressupostos acima, creio que um apartamento de 40, 45 ou 50 m/2 não é uma alternativa tão ruim e mesmo que seja para alguns, em muitos casos pode ser a alternativa mais adequada.
Pense nisso.